O mais antigo e tradicional campeonato de surfe do mundo completa 50 edições. Em 1962, em Bells Beach, na Austrália, começou o torneio que mudou a história do esporte no mundo. Foi nesta praia, no sul do país,que os maiores nomes do surfe mundial encantaram o público e mudaram a trajetória da modalidade. De Glynn Ritchie – primeiro campeão - passando por Kelly Slater e chegando ao Joel Parkinson (vencedor em 2011), diversos surfistas deram show nessas ondas e tocaram o sino mais cobiçado do esporte.
O início de tudo
Os relatos mais antigos do surfe são do século XVIII. Os havaianos teriam sido os primeiros a se aventurarem nas ondas em cima de uma prancha. Passaram-se anos e, em 1962, foi realizada a primeira competição de surfe da história.Na época, a taxa de inscrição era de US$ 2, e o maior desafio dos surfistas era se manterem aquecidos nas águas geladas. Em abril, mês em que o torneio é realizado, a temperatura do mar chega a dez graus e, na época, não havia roupas isotérmicas.
O passar dos anos
O troféu – um sino que só pode ser tocado pelos vencedores – foi ideia de um surfista que queria representar a praia mais famosa da cidade. A Praia do Sino (Bells Beach, em inglês) foi nomeada em homenagem ao escocês William Bell, dono destas terras no início do século XX.
Nos primeiros anos do campeonato, os surfistas tinham que passar por um lamaçal para chegar a praia e poder competir. Com o tempo, não só a infraestrutura melhorou, como também as pranchas se modernizaram. Nos anos 50, os australianos trocaram as pranchas de cinco metros pelas de três. Em 1981, os surfistas descobriram que a com três quilhas eram mais estáveis.
- As pranchas de surfe, na verdade, permitem que o surfista melhore seu desempenho. Caras como Kelly Slater, Joel Parkinson e Mick Fanning não fariam o que fazem hoje com as pranchas de 50 anos atrás, mesmo sendo bons como são – acredita Wayne ‘Rabbit’, bicampeão mundial.
Bells Beach também foi responsável pela profissionalização do esporte. A etapa australiana foi o primeiro evento de surfe a premiar os vencedores em dinheiro, em 1973. Desde então, o campeonato aumentou a premiação a cada ano. Em 1974, no segundo ano em que o torneio distribuiu prêmios, Michael Peterson levou US$ 1.500 pelo primeiro lugar. Em 78, foram US$ 3.500 e, em 96, US$ 14 mil. Este ano, foram distribuídos US$ 425 mil. E o campeão Joel Parkinson faturou US$ 75 mil (R$ 120 mil).
O 50º campeonato
Nesta edição histórica, que comemorou as bodas de ouro da etapa, alguns dos campeões de Bells Beach entraram na água em uma bateria comemorativa e dividiram uma onda de mãos dadas.
- Por eu ser australiana, isto representa muito para mim. Com a reserva de aborígenes (população nativa da Austrália) e o espírito positivo deste lugar, o clima fica ótimo. As ondas são demais. Tudo que acontece torna tudo mais especial.
Na final masculina, o australiano Joel Parkinson brilhou na última onda do campeonato e recebeu nota dez dos juízes, eliminando o amigo de infância Mick Fanning.
- Acho que este campeonato é o melhor. Vencer no aniversário de 50 anos é muito melhor. Acho que vencer um torneio de tanta história e prestígio, registrados pelos nomes do troféu, de lendas e ícones, e agora ter o meu nome na história do surfe é o mais emocionante – afirmou o campeão da etapa de 2011.
Participação brasileira
Depois de perder seis finais para a mesma adversária, a brasileira finalmente sentiu o gostinho da vitória.
- Eu me belisquei dentro d’água. “Nossa, ganhei. Sério, será que eu ganhei mesmo?”. Eu escutando meu nome, meus amigos chorando. Eu fiquei super emocionada de levar este título pro Brasil. Vou ficar com essa memória para o resto da vida. Foi muito especial pra mim.
O legado deixado por Bells Beach
Com o tempo, e com a ajuda de Bells, o surfe se popularizou e ganhou o mundo. A cada geração, mais pessoas se interessam pelo esporte e seguem grandes exemplos como Kelly Slater, Joel Parkinson, Mick Fanning e Stephanie Gilmore. E sonham em um dia tocar o sino mais famoso do surfe.
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