Nem Kelly Slater, que dominou todas as baterias até a final, conseguiu pará-lo. O dia era Adriano de Souza, o Mineirinho. Com uma nota 9,00 logo no começo da bateria, o brasileiro dominou o decacampeão do mundo na final e conquistou, nesta terça-feira, o título da etapa de Peniche (Portugal) do Mundial de surfe. O placar final mostrou 15,67 a 14,73 para o brasileiro.
Na bateria final, Mineirinho sai do tubo pedindo nota 10 (Foto: ASP)
Mineirinho já vinha mostrando bom desempenho na praia de Supertubos desde as fases iniciais do campeonato. Nas quartas de final, o paulista tirou uma rara nota 10 para derrotar de forma apertada o francês Michel Bourez (17,60 a 17,53).
Na decisão, já com poucas ondas, Mineirinho aproveitou a melhor delas e saiu do tubo pedindo outra nota 10. Os juízes deram 9, mas a vantagem para o rival já era grande. Quando Slater finalmente entrou na disputa e tirou 6,83, o brasileiro reagiu com um 6,67. A 11 minutos do fim, o americano precisava de 8,85 para virar a série. O decacampeão pegou uma boa onda a dois minutos do fim, mas os juízes lhe deram apenas 7,90;
O título desta terça-feira foi o segundo consecutivo do Brasil no Mundial. Em Hossegor, na França, Gabriel Medina, que também eliminou Kelly Slater, saiu como campeão. Em Peniche, Medina não passou da terceira fase. Heitor Alves, segundo melhor brasileiro em Supertubos, caiu diante de Slater nas quartas. Outros cinco brasucas foram eliminados na repescagem: Bruno Santos, Raoni Monteiro, Jadson André, Miguel Pupo e Alejo Muniz.
O paulista festeja com a bandeira do Brasil em Portugal (Foto: ASP)
As quartas de final começaram emocionantes, com uma bateria disputadíssima entre os australianos Taj Burrow e Julian Wilson. Taj saiu na frente com um 9,37 logo no começo da sessão e aumentou a vantagem depois. Wilson precisava de 9,80 para virar a bateria e conseguiu um tubo espetacular que lhe rendeu um 10 perfeito a menos de três minutos do fim.
Taj, no entanto, também havia acabado de pegar um belo tubo. A nota, um 8,53, foi divulgada junto com o 10 de Wilson e manteve Taj na ponta. Não restou tempo para uma virada, e Wilson saiu da água lamentando o resultado: 17,94 x 17,50 para o compatriota.
Em seguida, foi a vez de Heitor Alves reencontrar Kelly Slater, que o superou por pouco na quarta fase (19,30 a 17,20, resultado que mandou o brasileiro para a segunda repescagem). O americano começou arrasador novamente, com uma nota 7,17 no primeiro minuto da bateria. Heitor só encontrou uma boa onda com 15 minutos de sessão, mas obteve apenas um 6,00. Slater, pouco antes, fez seu melhor tudo e somou 9,70, deixando o brasileiro em combinação.
Adriano de Souza beija a taça do evento português (Foto: ASP)
Um 9,00 a menos de dez minutos do fim da bateria selou o resultado. Slater abriu 18,70 contra 7,43 de Alves. O americano ainda brincou, pegando um tubo com switch foot (pé esquerdo fazendo a base - Slater usa normalmente o direito) antes de avançar às semifinais por 18,70 a 7,67.
As emoções continuaram em alta no duelo entre Adriano de Souza, o Mineirinho, e Michel Bourez. O francês liderou a bateria até a marca de dez minutos para o fim, quando o brasileiro deu um show e conseguiu uma nota 10. Pouco depois, Bourez deu o troco, com uma onde que lhe rendeu 8,03 e a liderança novamente.
Mineirinho precisava de 7,53 para a virada e foi preciso a cinco minutos do fim. Os juízes lhe deram 7,60. Bourez, então, tinha que conseguir 8,11 para vencer, mas sua última tentativa, a um minuto do encerramento, valeu apenas 7,33. O placar final mostrou 17,60 a 17,53. Na semi, o brasileiro enfrentaria o australiano Bede Durbidge, que fez 17,10 contra 16,60 do compatriota Joel Parkinson.
A badalada semifinal entre Kelly Slater e Taj Burrow não decepcionou. Logo na primeira onda, Slater somou 9,50, mas Taj reagiu em menos de dois minutos com uma nota 9,80 para tomar a liderança. O americano conseguiu 7,33 na sua segunda melhor onda, mas Taj novamente voltou a ponta com um 7,07. Slater precisava de 7,38 e conseguiu a pouco menos de cinco minutos do fim, com um tubo perfeito e uma nota 10. Por 19,50 a 16,87, o americano avançou à bateria decisiva.
A segunda semi não teve nível tão alto, mas foi emocionante até o fim. Mineirinho abriu na frente com duas ondas seguidas (7,00 e 6,83). Durbidge, que já havia sido superado pelo brasileiro na quarta fase, reagiu com uma onda que valeu 7,03 - a maior nota da sessão. O aussie, contudo, ainda precisava de 6,80, mas o mar não ajudou. Durbidge ainda tentou um tubo no desespero, no último minuto, mas a onda fechou com ele dentro.
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