Pipe Masters / Foto Kelly Cestari/ASP |
No primeiro duelo do dia, o mar estava difícil ainda, com as ondas fechando e o norte-americano C. J. Hobgood liderou com duas notas médias. Mick Fanning caiu no drop em todas as tentativas e só conseguiu surfar seu primeiro tubo quando faltavam menos de 2 minutos para o término. Só que foi um tubaço incrível que valeu nota 9,5 e a virada no placar para 12,00 a 10,50 pontos, somando 2,5 da sua segunda maior nota na bateria. "Não foi fácil", suspirou aliviado, Mick Fanning. "Se você quer ganhar um título mundial , você tem que arriscar tudo. Eu fiquei atrás por 28 minutos da bateria, até entrar a joia do dia. Eu ouvi todos assobiando na praia e sabia que ia ser uma boa. Ela já entrou rodando no segundo reef e eu estava no lugar certo pra pegar o tubo. Foi um momento mágico pra mim".
Mick Fanning / Foto Kirstin Scholtz/ASP |
Com elas, conseguiu uma boa vantagem de 9,57 pontos e novamente o tempo foi passando para Mick Fanning, mas nos minutos finais entrou a série e ele surfou outro tubo espetacular para a praia toda ficar em suspense pela divulgação da nota. Demorou um pouco e saiu 9,70, confirmando por 17,03 a 16,90 pontos o terceiro título mundial da ASP para o australiano que tinha conquistado os outros dois dele na etapa brasileira do WCT, quando ela era disputada em Imbituba, Santa Catarina, em 2007 e 2009. "O título mundial é algo que leva um ano inteiro, mas às vezes parece se resumir ao último dia da etapa final", disse Fanning. "Eu sabia do que precisava fazer e se a oportunidade surgisse, eu saberia o que fazer. Essa oportunidade só veio no final das duas baterias hoje e é uma sensação incrível conseguir isso assim. Competi durante o ano todo e conquistar o título em um dia com condições clássicas como este em Pipeline, o torna muito mais especial".
Miguel Pupo / Foto Kelly Cestari/ASP |
Enquanto Mick Fanning sofria para vencer as duas baterias que precisava para garantir o título mundial, Kelly Slater só assistia o campeonato. Isto porque ele já estava na terceira quarta de final por ter passado direto da quarta fase, pulando a repescagem que Fanning teve que disputar por ter perdido para Yadin Nicol na rodada classificatória que fechou a terça-feira. Sem a pressão pela vitória no Billabong Pipe Masters, que era sua única chance de conquista do título mundial, desde que Mick Fanning não passasse das quartas de final, Slater começou a dar um verdadeiro show para o público que lotou a praia no sábado ensolarado no Havaí.
Campeão mundial / Foto Kirstin Scholtz/ASP |
Na grande final, o vento já afetava a qualidade das ondas, mas Banzai Pipeline e Backdoor mostraram os seus tubos espetaculares nos minutos finais para fechar o campeonato com chave de ouro. John John Florence só pegou sua primeira onda quando faltavam 12 minutos para o término da bateria, mas 4 minutos depois surfou o primeiro tubão da final que valeu nota 8,5. Slater logo respondeu com um tubo mais sensacional ainda que chegou perto da segunda nota máxima do dia, com a média ficando 9,87.
Kelly Slater / Foto Kelly Cestari/ASP |
O último título conquistado por Kelly Slater no grande palco do esporte havia sido em 2008. Os outros foram na década de 90, com o primeiro deles logo no seu ano de estreia na divisão de elite do ASP World Tour implantada no mesmo ano de 1992. Depois, foi o melhor nos tubos de Banzai Pipeline e do Backdoor em 1994, 1995, 1996 e 1999. Ao contrário de Slater, que vem chegando nas fases decisivas do Pipe Masters desde a vitória de 2008, Mick Fanning não conseguia ser semifinalista em Pipeline desde 2005, quando foi vice-campeão na final contra o havaiano Andy Irons.
John J. Florence / Foto Kelly Cestari/ASP |
O melhor brasileiro no Billabong Pipe Masters pelo segundo ano consecutivo foi o paulista Miguel Pupo. Ele precisava repetir o nono lugar do ano passado para garantir sua permanência na elite do WCT e conseguiu isso surfando grandes tubos para vencer as duas baterias que necessitava para isso. Na primeira, ganhou o duelo verde-amarelo da segunda fase com o catarinense Alejo Muniz em um tubaço de backside nas direitas do Backdoor no último minuto da bateria.
Mick Fanning antes do título / Foto Kirstin Scholtz/ASP |
Com esta vitória, já tirava a 22.a e última vaga dos que são mantidos pelo ranking do WCT do norte-americano Brett Simpson. Precisava passar mais uma fase para garantir de vez o seu nome, sem depender dos resultados de ninguém. O adversário era o top-9, Josh Kerr, que foi igualmente batido nos minutos finais com Pupo desta vez surfando a esquerda de Pipeline para ganhar nota 9,07 e ser o sétimo brasileiro no WCT 2014, um a mais que este ano.
No último dia, Pupo surfou outro tubaço para derrotar o francês Jeremy Flores com nota 9,77 em Banzai Pipeline, sendo o único goofy-footer a se classificar para as quartas de final, pois todos os outros sete surfam as esquerdas de backside, de costas para a onda. Depois, não achou os tubos contra o campeão mundial Joel Parkinson, mas a meta já estava cumprida e ele ainda melhorou sua colocação no Billabong Pipe Masters com o quinto lugar esse ano.
Pipe proporcionou finais épicas / Foto Kirstin Scholtz/ASP |
Além de Jadson André, quem também retorna ao WCT no ano que vem é o basco Aritz Aranburu, que esteve entre os melhores do mundo nas temporadas de 2008 e 2009. Já os australianos Mitch Crews e Dion Atkinson serão os estreantes do ASP Tour 2014. Os quatro que saíram da elite para a entrada deles foram o norte-americano Damien Hobgood, o australiano Kieren Perrow, o irlandês Glenn Hall e o havaiano Dusty Payne. Aliás, com a volta de Jadson André o Brasil tirou uma vaga do Havaí, que não colocou ninguém no lugar de Dusty Payne e terá só três participantes no WCT 2014.
O púbico lotou a praia / Foto Kirstin Scholtz/ASP |
A etapa brasileira do WCT está confirmada, com o Billabong Rio Pro novamente tendo seu palco principal instalado no Postinho da Barra da Tijuca, de 7 a 18 de maio no Rio de Janeiro. A temporada começa mais uma vez pela Austrália, que no ano que vem terá uma prova a mais, a estreia do Margaret River Pro de 02 a 13 de abril em Margaret River. A abertura continua no Quiksilver Pro Gold Coast nos dias 01 a 12 de março e o tradicional Rip Curl Pro acontece nos dias 16 a 27 de abril em Bells Beach, depois de Margaret River.
Fanning é campeão mundial e Slater vence Billabong Pipe Masters 2014 / Foto Kirstin Scholtz/ASP |
O calendário prossegue em setembro com o Hurley Pro Trestles nos dias 09 a 20 na Califórnia, Estados Unidos, e o Quiksilver Pro France abrindo a fase europeia de 25 de setembro a 06 de outubro em Hossegor, na França. Na sequência tem o Moche Rip Curl Pro Portugal de 08 a 19 de outubro em Peniche, com o Billabong Pipe Masters fechando a temporada nos dias 08 a 20 de dezembro nas esquerdas de Banzai Pipeline e nas direitas do Backdoor no Havaí.
Por João Carvalho
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